Em 2018, de um encontro entre Mário Piragibe e eu em uma banca de doutorado na Unesp, surgiu-nos a ideia da criação de um grupo de pesquisa em que fosse possível concentrar pesquisadores que atuassem na pesquisa de linguagem que não tivesse o ator/atriz como centro do acontecimento teatral. Como na nossa prática artística e também docente, tanto na graduação quanto na pós-graduação, nossas pesquisas pessoais, e, consequentemente a de nossos orientandos, da graduação ao doutorado, todas, tinham o inanimado, em suas várias linguagens, como elemento poético fundamental na construção da visualidade da cena. Essa visualidade, entretanto, não desprezava o elemento humano. Esse estava presente em jogo constante com todos os objetos presentes na cena.

​

Esse aspecto performativo da relação do inanimado com o humano inspirou o nome do grupo: Grupo de Pesquisa Poéticas Cênicas: Visuais e Performativas. Aquilo que teve início como um desejo de dois amigos, companheiros de anos de lutas e superações, tanto no teatro como na universidade, se expandiu para além das nossas expectativas e hoje temos no grupo pesquisadores de universidades do norte ao sul do Brasil, sem contar os colaboradores internacionais. isso muito nos enche de orgulho. Ainda mais quando estamos realizando o 2º. Encontro de Poéticas do Inanimado. Em 2020, sediado na Universidade Federal de Uberlândia.

​

Após o primeiro encontro realizado em 2019 no Instituto de Artes da UNESP, em São Paulo, que prestou uma belíssima homenagem a Ana Maria Amaral, dessa vez o nosso encontro, que será realizado todo on line, mostra mais uma vez que a superação de dificuldades é constante entre nós, professores e artistas. A crise provocada pelo COVID19 nos obrigou a uma outra relação com a realidade e consequentemente com a nossa opção poética pelo teatro. Deixou evidente a nossa capacidade de nos reinventarmos a cada dia e de superarmos mais essa dificuldade. Por isso, todos os nossos elogios aos integrantes do Grupo de Pesquisa Poética Cênicas: Visuais e Performativas, pesquisadores, estudantes e colaboradores, por estarem conosco nessa luta. Um especial agradecimento à belíssima organização feita pela equipe da UFU.

​

Assim, vivamos plenamente esse Segundo Encontro e que ele nos inspire ao Terceiro e quem sabe presencialmente, para que possamos novamente nos sentir fisicamente e que com nossos corpos e nossa poesia, possamos superar as novas adversidades que certamente virão. Em um momento em que a arte e a cultura estão sendo atacadas pelo mais profundo obscurantismo, a realização desse segundo encontro, pela sua ousadia estrutural e de qualidade de conteúdo, é muito mais do que um evento acadêmico e artístico. É resistência Pura! É resistir com arte e poesia!

​

Wagner Cintra